Precisamos falar de cocô no parto


Falar sobre de cocô durante o trabalho de parto ainda é um tabu, mas existem vários motivos importantes para que isso aconteça, e nenhum para se envergonhar. Afinal, o nascimento é um evento natural e fisiológico e, por isso, fazer cocô no trabalho de parto é completamente normal!

Parto tem cocô! Pouco ou muito, mas raramente nenhum. 

Isso acontece porque o intestino fica atrás do útero e do canal vaginal e quando o bebê está passando, ele empurra essa região. Quando ele coroa, a parte de trás da cabeça pressiona o ânus e o reto da mãe e é natural fazer cocô. Inclusive, é normal que mulheres em período menstrual também sinto vontade de ir ao banheiro mais frequente quando estão com cólica, justamente por conta dessa proximidade entre útero e intestino.

Mas nosso corpo é sábio, e muitas fezes, na preparação para o nascimento, a mulher tem vontade de de ir ao banheiro, liberando as fezes e possibilitando que útero possa contrair bem.

Mudanças fisiológicas da gestação: percebam como fica o intestino!

Mas e se eu parar de comer antes do parto?

Por medo de passar por essa situação, muitas mulheres cogitam fazer jejum ou mudar os hábitos alimentares perto da data prevista para o parto, mas isso é muito prejudicial!
Durante o trabalho de parto, a mulher precisa de muita energia! Lembrando que o útero é um músculo e vai se exercitar bastante durante esse processo. Inclusive, o recomendado é que a mulher esteja bem alimentada, tranquila e desapegada da possibilidade de fazer cocô.

Parto é entrega e segurar qualquer vontade que o corpo manifesta atrapalha seu desenvolvimento. Segurar a vontade de fazer cocô pode travar o canal vaginal e dificultar a saída do bebê. Então, relaxa se solta! Afinal, o parto é um evento fisiológico que envolve muitas secreções: tampão mucoso, xixi, pum, líquido amniótico, sangue e cocô. Doulas parteiras e médicos até comemoram o bendito cocô, porque ele indica de que o bebê está próximo de nascer!

Mas em geral, as mulheres estão em um estado alterado e nem percebe que eliminaram fezes. Durante o processo do parto, a atuação dos hormônios faz com que a mulher ative o cérebro primitivo e as funções instintivas e fisiológicas ficam mais liberadas. O neocórtex fica em segundo plano, por isso a mulher não tem os bloqueios sociais, como vergonha e pudor, a não ser que seja tirada do transe. 

E a lavagem intestinal?

Até alguns anos, era procedimento de rotina nos hospitais realizar o enrama antes do parto, isto é, a lavagem intestinal pela aplicação de medicamentos via retal. Mas isso 

Além de ser um procedimento invasivo e desconfortável para a gestante, ele amolece as fezes, que podem vazar e escorrer pelas pernas durante o trabalho de parto, causando uma situação embaraçosa e dificultando a higienização. 

E se eu ficar com vergonha?

A melhor maneira é lidar com as secreções de forma natural. Afinal, o parto é assim, cheio de fluídos, natural, instintivo: nu e cru. Podemos comparar com o sexo, envolve saliva, fluídos corporais, suor, barulhos, pum... E essa é a sua beleza e sua força.
E fica tranquila, vamos ser rápidas e recolher o cocô antes que você perceba! Ele faz parte desse processo e não é movido de vergonha, todos os profissionais envolvidos no parto vão apenas comemorar seu cocô!

Ilustração: Mauren Veras

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